Inaugurando a seção Fica a Dica – em que virão as sugestões de livros, músicas, lugares, posições na hora H hehehehehe – vem “O Tigre Branco”.
Bem, com o tempo, quem ler esta humilde www verá que eu AMO a Índia. E não, isso não é resultado da novela da Globo. Na verdade isso começou há 3 anos, no primeiro festival de Cinema Indiano, aqui na Cinemateca de SP – que aliás vale a pena conhecer só pelo lugar. Na ocasião assisti um filme de Bollywood e na hora, quis me transformar em indiano!!!! Hahahahahah...Mas isso vale um outro post (e dos bons)!!!
Mas o livro de Aravin Adiga não fala da Índia colorida, dos elefantes enfeitados (calma Beto, sim, eles enfeitam os elefantes (rs))...ele discute com um tom “seria-engraçado-se-não-fosse-trágico” toda a rotina da Índia da Escuridão, através de uma carta que ele escreve ao primeiro ministro chinês que estará de visita no país.
A história de Balram envolve laços familiares confusos, sobreposições de valores morais, assassinatos e atitudes de superação empreendedora. Ele é o Tigre Branco, mas o mais legal é descobrir o porquê do apelido.
As idéias do autor não se aplicam exclusivamente àquele país, alias elas são ótimas para rebater um pensamento radical e medíocre da classe média brasileira de que “pobre aceita qualquer coisa, pobre nunca reclama porque é preguiçoso”. Quem ler entenderá o que vem a ser uma metáfora que Balram cria chamada “A gaiola dos Galos”. Eu me sinto presa nela! Acho que se eu explicasse de outra maneira, não ficaria tão bacana como o autor fez no livro, por isso para deixar um gostinho para vocês, aí vai uma parte dessa trama:
“A coisa mais importante que se inventou neste país, nos seus dez mil anos de história, foi a Gaiola dos Galos. Vá até a Velha Deli, atrás da mesquita de Jama Masjid, para ver como as aves são exibidas no mercado. São centenas de galinhas e galos de cores brilhantes, todos enfurnados em gaiolas de teia de arame, apertados ali dentro como vermes numa barriga, bicando uns aos outros, cagando uns nos outros, brigando para arranjar um espaço para respirar. A gaiola tem um fedor impressionante, um fedor de carne emplumada e apavorada. Num balcão de madeira, por cima dessa gaiola, fica um jovem açougueiro sorridente, exibindo a carne abatida, tudo ainda reluzente sob uma camada de sangue escuro. Os galos que estão na gaiola sentem o cheiro de sangue que vem do alto. Sabem que serão os próximos. Mesmo assim, não se rebelam. Não tentam escapar da gaiola. É exatamente a mesma coisa que se faz com os seres humanos neste país.
(…)
Todo dia, pelas ruas de Déli, um motorista vai dirigindo um carro vazio, com uma maleta preta instalada no banco de trás. Dentro dessa maleta, há um ou dois milhões de rupias; mais do que ele vai ver durante a vida toda. (…) Mesmo assim, ele leva a maleta preta para onde o patrão mandou. Deixa ela onde deve deixar, e jamais pega uma rupia. Por quê?
Porque os indianos são o povo mais honesto do mundo, como informa o panfleto que nosso primeiro-ministro vai lhe dar? NÃO. São porque 99.99% de nós estamos presos na Gaiola dos Galos, exatamente como aqueles pobres coitados lá no mercado.
(…) A confiabilidade dos empregados são a base de toda a economia da Ínndia. A Grande Gaiola dos Galos indiana. Vocês tem alguma coisa parecida na China? Duvido muito, Mr. Jiabao. Porque, se tivessem, não precisariam do Partido Comunista para sair atirando nas pessoas e de uma polícia secreta para invadir as casas durante a noite e levar todo mundo preso, como ouvi dizer que vocês fazem.
Gostaram, discordaram, acharam um saco, comentem! Mas FICA A DICA!
Bem, com o tempo, quem ler esta humilde www verá que eu AMO a Índia. E não, isso não é resultado da novela da Globo. Na verdade isso começou há 3 anos, no primeiro festival de Cinema Indiano, aqui na Cinemateca de SP – que aliás vale a pena conhecer só pelo lugar. Na ocasião assisti um filme de Bollywood e na hora, quis me transformar em indiano!!!! Hahahahahah...Mas isso vale um outro post (e dos bons)!!!
Mas o livro de Aravin Adiga não fala da Índia colorida, dos elefantes enfeitados (calma Beto, sim, eles enfeitam os elefantes (rs))...ele discute com um tom “seria-engraçado-se-não-fosse-trágico” toda a rotina da Índia da Escuridão, através de uma carta que ele escreve ao primeiro ministro chinês que estará de visita no país.
A história de Balram envolve laços familiares confusos, sobreposições de valores morais, assassinatos e atitudes de superação empreendedora. Ele é o Tigre Branco, mas o mais legal é descobrir o porquê do apelido.
As idéias do autor não se aplicam exclusivamente àquele país, alias elas são ótimas para rebater um pensamento radical e medíocre da classe média brasileira de que “pobre aceita qualquer coisa, pobre nunca reclama porque é preguiçoso”. Quem ler entenderá o que vem a ser uma metáfora que Balram cria chamada “A gaiola dos Galos”. Eu me sinto presa nela! Acho que se eu explicasse de outra maneira, não ficaria tão bacana como o autor fez no livro, por isso para deixar um gostinho para vocês, aí vai uma parte dessa trama:
“A coisa mais importante que se inventou neste país, nos seus dez mil anos de história, foi a Gaiola dos Galos. Vá até a Velha Deli, atrás da mesquita de Jama Masjid, para ver como as aves são exibidas no mercado. São centenas de galinhas e galos de cores brilhantes, todos enfurnados em gaiolas de teia de arame, apertados ali dentro como vermes numa barriga, bicando uns aos outros, cagando uns nos outros, brigando para arranjar um espaço para respirar. A gaiola tem um fedor impressionante, um fedor de carne emplumada e apavorada. Num balcão de madeira, por cima dessa gaiola, fica um jovem açougueiro sorridente, exibindo a carne abatida, tudo ainda reluzente sob uma camada de sangue escuro. Os galos que estão na gaiola sentem o cheiro de sangue que vem do alto. Sabem que serão os próximos. Mesmo assim, não se rebelam. Não tentam escapar da gaiola. É exatamente a mesma coisa que se faz com os seres humanos neste país.
(…)
Todo dia, pelas ruas de Déli, um motorista vai dirigindo um carro vazio, com uma maleta preta instalada no banco de trás. Dentro dessa maleta, há um ou dois milhões de rupias; mais do que ele vai ver durante a vida toda. (…) Mesmo assim, ele leva a maleta preta para onde o patrão mandou. Deixa ela onde deve deixar, e jamais pega uma rupia. Por quê?
Porque os indianos são o povo mais honesto do mundo, como informa o panfleto que nosso primeiro-ministro vai lhe dar? NÃO. São porque 99.99% de nós estamos presos na Gaiola dos Galos, exatamente como aqueles pobres coitados lá no mercado.
(…) A confiabilidade dos empregados são a base de toda a economia da Ínndia. A Grande Gaiola dos Galos indiana. Vocês tem alguma coisa parecida na China? Duvido muito, Mr. Jiabao. Porque, se tivessem, não precisariam do Partido Comunista para sair atirando nas pessoas e de uma polícia secreta para invadir as casas durante a noite e levar todo mundo preso, como ouvi dizer que vocês fazem.
Gostaram, discordaram, acharam um saco, comentem! Mas FICA A DICA!
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