8 de maio de 2009

FICA DICA: O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS - CARL G.JUNG


Realmente, eu estou adorando essa minha fase "Book eater". Basta alguém comentar, e lá vai eu em três horas degustar novas sentenças. Hoje, pela manhã, recebi um email de um amigo falando sobre um livro de psicologia jungiana. Ok, eram oito horas da manhã! Mas, sem querer me interessei, até porque ele tem dado dicas valiosas para o blog.(Valeu Alê).

Minha relação com a psicologia jungiana não era tão legal. Isso porque em 2007, quando fui sequestrado comecei a fazer terapia pela empresa que eu trabalhava na época. Depois do incidente, eu não queria mais voltar a trabalhar e fiquei mais revoltado ainda, quando a psicóloga me disse que pela via jungiana, a explicação para o incidente era de que eu, naquela noite do sequestro, queria, de alguma maneira, me expôr a qualquer tipo de violência física e verbal.

Bom, nem preciso dizer que eu não voltei mais para a terapia. Mas fui supercial. Eu deveria é ter pesquisado mais. Hoje, longe do acontecimento e sendo mais maduro, percebo que a explicação faz algum sentido. Mas pra isso, é preciso contextualizar sobre a psicologia de Jung.

O melhor livro para começar é aquele que foi escrito para leigos, O Homem e seus Símbolos. Jung terminou essa compilação 10 dias antes de morrer, e o fez por conta de um sonho. No livro, ele acentua que o homem só se realiza através do conhecimento e a aceitação de seu inconsciente - conhecimento este que é adquirido através dos sonhos. Para ele, cada sonho é uma mensagem direta, pessoal e significativa, em que o remetente é você, e o destinatário, também, é você.

Parece complicado, mas não é tanto assim. Jung afirma que a melhor maneira para se decifrar essas mensagens é tornar-se consciente da força do inconsciente. Muitas pessoas superestimam erradamente o papel da força de vontade e julgam que nada poderá acontecer, à despeito de suas próprias decisões e intenções próprias. Mas elas precisam aprender a distinguir, cuidadosamente, entre o conteúdo intencional e o involuntário.

Conheço o caso de uma amiga próxima que sempre quer encontrar alguém para namorar. SEMPRE! O consciente dela está sempre a procura de uma nova paixão, até aí tudo bem. O problema se dá quando o inconsciente também SEMPRE está a procura de uma nova paixão. Quando o lado consciente acha uma pessoa bacana, o inconsciente logo sabota essa relação. Ela trata essa nova pessoa mal, não dá bola e chega até trair. É o inconsciente, sem que ela perceba, procurando uma nova paixão, porque assim que a nova vira presente, logo surge a sede por mais uma.

Eu mesmo já estive numa situação assim e fui questionado por uma amiga que considero brilhante. Eu estava reclamando, que não queria mais ficar doente - passei por um período de saúde bem debilitado - e então ela me respondeu com uma pergunta: Você sabe que muito açucar faz mal? E eu respondi, sim! E ela, retrucou: Então porque tem quatro colheres de açucar nesse copo de suco? A resposta podia ser complicada, mas parece simples: eu estava me auto-sabotando. Culpa, acho que sim, mas os motivos são menos importantes nessa discussão.

O fato é de que ler Jung traz a tona o fato de que nossa dia-a-dia que parece tão disciplinado e cheio de racionalidade, não é tão certinho e sem interfêrencias como imaginamos. Nosso cotidiano, ignora os adornos de fantasia, tanto na linguagem, como nos pensamentos, mas eles vão parar no nosso inconsciente. E infelizmente, muitas vezes, para nos proteger de nós mesmos, o consciente se usa da arma do esquecimento para nos proteger da crua e dura verdade. O ato de esquecer é um processo normal, em que certos pensamentos conscientes perdem energia específica, devido a um desvio da nossa atenção. É como um holofote que foca no mais interessante, mas que deixa outra area mergulhada na escuridão.

O esquecer pode até causar histeria coletiva. Hoje, nem tanto, porque a modernidade mitiga esse tipo de comportamento. Basta olhar os grandes shows da década de 90. Quando Madonna, ou Michael Jackson entravam no palco, o público ia ao delírio, curtia cada momento como se fosse o último. O holofote estava ali, só ali, o que te fazia esquecer de TODO o resto, isso era histeria. Hoje, quando algum cantor entra no palco, o que se vê é um mar de cameras fotográficas de alta-resolução, não há o momento do esquecimento tão histérico que vá fazer você lembrar para sempre daquele show. Isso foi amenizado por um pen-drive de 2GB (rs).

Como bem disse Jung, "O homem contemporâneo não consegue perceber que, apesar de toda sua racionalização e toda sua eficiência continua possuído por forças 'além' do seu controle. Seus deuses e demônios não desapareceram, tem apenas nomes diferentes".

E sobre o porquê de eu achar que a teoria do sequestro é válida, aqui vai a resposta. Os dois caras que me abordaram entraram no meu carro, um pela frente, o outro pela porta lateral traseira, quando eu parei num farol. Eu poderia ter trancado o carro, mas eu, conscientemente, não tranquei. Não havia carro nenhuma minha frente, eu poderia ter avançado o sinal, mas eu não avancei. E meu consciente me deu todas essas dicas, mas infelizmente, o que meu inconsciente queria foi mais forte, e fiz tudo ao contrário. Resultado: 12 horas nas mãos de bandidos e uma costela quebrada.

Ao invés de terminar com o famoso, Freud explica, terminaremos com...
JUNG EXPLICA!
Se interessou pelo livro, pode baixar ele gratuitamente aqui, ou comprar na livraria mais próxima:

3 comentários:

Unknown disse...

Fiquei até emocionado em ver minha dica aqui...rs... depois tenho que conferir na setor de culinária sobre a maçã com pimenta e mel!!!
Mas, indo diretamente ao assunto, Jung é realmente maravilhoso! Porém, para colocarmos a cabeça para pensar um pouco mais e termos a consciência de que a mais simples atitude se reveste de complexidade ao pensarmos sobre, reforço alguns pontos interessantes da teoria. O primeiro é a revolução que o convecito do inconsciente coletivo. A idéia de termos um conteúdo mental alheio parcialmente do nosso consciente e que entrou na gente sabe-se lá por que via, implica em darmos uma atenção toda especial à nossa capacidade de comunicação não verbal, tanto individual como coletiva (a sociedade se comunicando com o indivíduo duma forma não verbal). O segundo ponto é:
encarar o incosciente apenas como uma força que pode, e faz, modificar ou moldar nosso dia a dia, pode nos dar um certo medo e receio dele. A final de contas, o que esse demônio verde fica incomodando nosso Eu para fazer coisas que conscientemente não queremos???... é nesse ponto que entra o idéia que tudo em nós trabalha para uma homeostase, um equilíbrio, ou seja, uma coisa compensa outra. Voltanto ao exemplo das colheres no copo de suco, ou até na busca sempre de uma nova parceria... porque auto-sabotar-se? porque buscar sempre o novo? O que em nossa vida está desajustado que necessite dessa compensação por parte do insconciente? Quem nunca se perguntou "por que é que eu fiz isso de novo?"?
Vejo nesses questionamentos o grande campo de atuação e da teoria Junguiana. Porém, é bom todos terem claro que auto-terapia, auto-psicanálise, auto-etc, não vão resolver muita coisa. Geralmente necessitamos do outro, com uma visão não viciada (ou pelo menos não vicida como a nossa o é), para nos mostrar o óbvio em nós mesmos. Auto-análise é importante,fundamental, mas não tenham medo de procurar alguém para ajudar nesse campo, se assim acharem necessário (e tb não tenham medo de achar necessário)...
Aos especialistas, me desculpem erros... sou apenas um leigo curioso...
a todos.. grande abraço!!!

Fernanda I. disse...

Sempre me interessei muito por psicologia, Rafa. Na verdade, sempre penso muito na relação entre o consciente e o subconsciente. Andei até pensando umas coisas que fazem muita lógica e que a gente pode sentar e conversar numa mesa de bar qualquer dia, porque são meio pessoais demais para escrever num comentário...
Aliás, esta conversa é densa demais para se ter aqui. Vamos logo marcar alguma coisa!! Vou falar com a Patynha porque vi seu scrap no Orkut dela falando que quer marcar alguma coisa!

Beijos

P.S. Não sabia que vc tinha sido sequestrado!!! Que horror!!!

Celso Floriano disse...

Ai nem falo nada de mim pq vi muito do que estou passando agora na minha vida ralacionado essa teoria, fiquei passado; nunca estive numa luta tão forte com o meu incosciente como estou hoje...drama...
Adorei a dica do livro, porém não sou leitor assíduo de nada, nem do jornal Destak, fico no Harry Potter mesmo...uó né?! Mas é verdade...sorry i can´t be perfect...
Mas eu to começando a progredir eu acho...to lendo Crepúsculo...hahahaha...brincadeira!!!