2 de maio de 2009

FICA DICA: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS


Foi numa manhã de sexta-feira nublada que acabei de terminar de ler um livro de 1945 chamado A Revolução dos Bichos, de George Orwell. E terminei tremendo de raiva e indignação, me lembrando como eu vibrei quando a Grace, de Dogville, mandou o pai queimar toda a vila no final do filme, porque era exatamente o que eu gostaria de fazer com a Granja do Solar.

É ali que se passa toda a história da Revolução dos Bichos, uma fábula contemporânea que faz uma analogia escancarada à ditadura estalinista. Não porque Orwell fosse um cara da antiga direita, mas porque ele, simplesmente, não concordava com os caminhos que a Revolução Socialista tinha tomado, aliás o próprio autor havia lutado como voluntário na Guerra Civil Espanhola.

O resumo da história é o seguinte: cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja Solar rebelam-se contra seus donos, expulsam-os e tomam posse da fazenda, com objetivo de instituir um sistema corporativo e igualitário, sob o slogan máximo de "QUATRO PERNAS BOM, DUAS PERNAS RUIM", mas que era traduzido por sete mandamentos:

1-Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2-O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3-Nenhum animal usará roupa.
4-Nenhum animal dormirá em cama.
5-Nenhum animal beberá álcool.
6-Nenhum animal matará outro animal.
7-Todos os animais são iguais.”

Mas logo, alguns bichos - na verdade, os porcos - voltam a usufruir de privilégios, pois eles foram os mentores da revolução e eram considerados mais inteligente, de fato. Como a maioria dos animais não aprendeu a ler, os mandamentos vão sendo alterados na medida em que os porcos vãos assumindo posições contrárias aos princípios que nortearam a revolução: os porcos começam a comerciar a produção da granja, passam a residir na casa do Sr. Jones, dormem em camas, usam roupas, bebem uísque, se relacionam com homens...

A maioria dos animais é facilmente convencida dos seus “equívocos de interpretação” e os poucos que conseguem ler e interpretar as adulterações do poder se omitem...

Até chegar ao ápice de alguns animais serem executados sob a alegação de alta traição.

Com esperança de que algo possa livrar os outros bichos desse regime ditadorial, continuei a leitura, mas assim como no mundo real, o livro desenvolve seu desfecho baseado no lema "Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros".

A história ainda me deixou com um certo ar de desesperança de pensar que todo bicho fará a mesma coisa quando conseguir alcançar o poder. Assim como se deu o caso do Mensalão. Quando o Lula subiu ao poder, eu chorei, mas quando os escandâlos do Planalto começaram a aparecer eu me senti exatamente como os animais da Granja do Solar, omiti meus verdadeiros sentimentos e dei meu atestado de aprovação continuando a rotina do meu trabalho diário, sem ao menos contestar a aceitação de que nada havia mudado.

Essa é só mais uma prova de como esse livro nunca vai deixar de ser atual, para não ficar fazendo palanque aqui, mas confesso:Demorei para ler este livro e me arrependo!

Quem quiser um resumo mais detalhado da história, é só clicar no título do post.
Helena Sut soube condensar essa belíssima história, como niguém.

3 comentários:

Beto Almeida disse...

Quero emprestado!

Carlos Alexandre Monteiro disse...

Esse livro é espetacular mesmo. E o melhor/pior: atualíssimo...!

abraços pra vocês!

Rafa disse...

QUE HONRA!!!A SABEDORIA SUPREMA DE LOST NO MEU HUMILDE BLOG!!
FIQUEI BEGE!!!